Tuesday, September 30, 2008

Mau Uso do Grego pelas TJ


A chamada Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas, da Sociedade Torre de Vigia, sabe e proclama que «é um assunto de muita responsabilidade traduzir as Escrituras Sagradas dos idiomas originais.»
Nos seus milhões de escritos, livros e revistas, as Testemunhas de Jeová afirmam os princípios: «Defendamos lealmente a Palavra Inspirada de Deus» (in Sentinela, 1\10\1997).
Para essa alegada defesa editam livros tais como «O que a Bíblia realmente ensina?», «A Bíblia-Palavra de Deus ou de Homem?».

Esperaríamos que na sua praxe agissem em conformidade. Mas não, nem é esse o anelo vital da sua «evangelização», que é levada a cabo pelos institucionalmente chamados «publicadores de congregação». Mulheres e homens que «evangelizam» e ensinam publicamente, porta a porta e nas ruas, o que designam como « Boas Novas do Reino».
Entretanto, desenvolvem uma «pregação» determinada também pelo seu manual enciclopédico, o Estudo Perspicaz das Escrituras ( do inglês Insight on the Scriptures), editado em 1988, composto por vários volumes, que são a principal referência e objecto de consulta sobre as palavras bíblicas usadas como ajuda ao entendimento da Bíblia.
Daí que sem qualquer crítica moral aos membros da Organização (conheço bem alguns), e muito menos preconceito ético ad hominem, não podemos porém deixar de sublinhar que os 6.957,852 (1) membros activos, envolvidos publicamente no trabalho das Testemunhas, cujos corações cheios de pensamentos sobre como lidar com Jeová estão todavia vazios do Deus revelado por JesusCristo, embora passem uma boa parte da vida alegadamente a «estudá-lO».

Com efeito, para "estudarem" Jeová usam todos os meios. No primeiro volume do Estudo Perspicaz... pode ler-se que a ajuda vem através de se «ajuntar de todas as partes da Bíblia os pormenores que se relacionam com os assuntos em consideração.» E algo que, pedagogicamente seria útil se não fosse um dos fundamentos para o Erro, «trazer à atenção palavras das línguas originais e seu sentido literal ».

Obsevemos algumas dessas palavras. Veremos apenas duas, de extrema importância, porque a mudança que as Testemunhas de Jeová introduzem, muda todo o paradigma do significado do vocábulo conhecer, na frase absorver conhecimento de Deus.

Lê-se assim na versão da TNM das Escrituras Sagradas, Evangelho de João, 17, 3: «Isto significa vida eterna, que absorvam conhecimento de ti, o único Deus verdadeiro».
Nas mais variadas versões, revistas e corrigidas, da Bíblia Sagrada de Almeida e até da velhíssima versão da Vulgata do padre Figueiredo, lemos, respectivamente:
«E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro» ou E a vida eterna porém consiste em que elles conheçam por um só verdadeiro Deus a ti. (2)

Numa exegese gramatical e depois teológica do texto bíblico, como genuinamente se impõe, devem aplicar-se as regras todas que compõem a interpretação do significado verdadeiro desse mesmo texto, ou de uma palavra-chave.
Semanticamente o termo conhecer, na Bíblia Sagrada, tanto no Velho como no Novo Testamento, implica intimidade, profundidade na relação com alguém ou alguma coisa. Não meramente um conhecimento intelectual e frio. Naquele sentido, o Deus da Bíblia deu-se a conhecer através de Jesus Cristo.

A língua bíblica do Novo Testamento possui um vocábulo para conhecer, que é, no próprio texto citado, gínomai ou ginosco ( ou gignósko), que são, na sua forma, um verbo.
Deste derivam conhecidas palavras: gnose, um substantivo de onde se parte para outro, gnóstico, que afirmava um conhecimento espiritual, superior e esotérico. Já nesse tempo conhecer não era mero significado de conhecimento cultural, mas de conhecimento que dava sentido à vida humana.

O dicionarista bíblico W.E.Vine, em sua fundamental obra Vine’s Expository Dictionary (que as testemunhas de Jeová deturpam e usam no que lhes interessa), escreve que ginosko no NT significa «entender completamente». Também indica frequentemente a relação entre duas pessoas e a aprovação nesse relacionamento, Deus é conhecido do crente, e este de Deus.(vd.I Jo 2, 3-4).

Ora apesar de todo o sentido alegado de procurar a Verdade, os «tradutores» da Novo Mundo das Escrituras Sagradas, não reduziram apenas o vocábulo a um significado que jamais teve - de aprendizagem intelectual de doutrina ainda que sobre Deus - , mas também o subverteram a uma simples absorção de conhecimentos. Ou será que com absorvam quiseram significar consumam, gastem, sorvam, etc.? Como se de um duvidoso percurso escolar em que não existem certezas se tratasse.

O termo que o nosso texto bíblico apresenta, gramaticalmente, é uma enfática forma verbal de gínomai, isto é, ginóskosin, verbo na terceira pessoa do presente activo do plural.
A Tradução do Novo Mundo produz até o reducionismo da vida eterna, que segundo eles não É, apenas significa. Para as TJ significa uma tão só absorção de conhecimento intelectual, doutrinário até, de Deus, e do próprio Jesus Cristo, que Deus enviou - afirmação enfática de Cristo na Sua oração sacerdotal. Há que lembrar aqui outra observação linguística sobre o que os tradutores russelistas omitem (intencionalmente ?) do próprio texto grego: o termo verbal apesteilas, de apostello, enviar, apostolos, enviado.

Jesus Cristo disse que a vida eterna é o conhecimento intímo dos atributos divinos activos e morais, revelados pelo Espírito Santo, sobre Monon alethinon Theo (Único verdadeiro Deus), da relação filial do crente com Deus-Pai. A comunhão com Deus através de Seu Filho. E não apenas um simples aprendizado doutrinário. Nenhum leitor assíduo e mesmo estudioso da Bíblia e conhecedor cultural da teologia será filho de Deus, terá comunhão íntima com Ele, só por isso.
Infelizmente temos de pensar que as Testemunhas de Jeová estão neste barco.
(1)- In Estatística do Relatório Mundial das TJ do Ano de Serviço 2007
(2) -Bíblia Sagrada, seg.Vulgata Latina, Depósito das Escripturas Sagradas, Lisboa, 1909

Monday, September 29, 2008

A sagrada família

Ora Jesus amava a Marta
e a sua irmã, e a Lázaro
com um amor em marcha
pelo mundo errante

Marta passava a correr
os dias, passava incenso
e a água pela casa
preparava refeições
disponha a harmonia
dos pratos pela mesa

Maria escutava
com os rosto preso na beleza
das palavras de Jesus
A Lázaro lhe doía
imponente, no corpo
a sua cruz.

Monday, September 22, 2008

Thursday, September 11, 2008

A Poesia da Bíblia

Dou um salto quase místico
do hebraico
e descanso em pastos verdes

Envolto num lençol de fresca água
aos pés do grego vou cair

Depois que o salmo de Davi, depois que Job
cairam dos meus olhos
na mais lírica lágrima que tive.

15/2/97

Saturday, September 06, 2008

Ler Max Lucado?

BlockquoteMax Lucado ressoou a enorme maioria evangélica que apoiou a invasão e guerra do Iraque. Em um “prayer breakfast” com George W. Bush, pastores de várias denominações abençoaram as tropas que avançavam com tanques e aviões, lançando mísseis “inteligentes”. Milhares morreram e os púlpitos se mancharam de sangue. Como algum deles ainda consegue citar: “Bem-aventurados os pacificadores porque serão chamados filhos de Deus”?
(Ricardo Gondim, via aqui A Ovelha Perdida)

Friday, September 05, 2008

A conclusão

O problema do mal - II, conclui-se Aqui

BlockquoteMas o principal problema levantado pela doutrina do pecado original, se reflectirmos um pouco, é ser profundamente desresponsabilizadora do indivíduo. Surge como uma fatalidade histórica, inerente à condição humana, e alheia ao domínio da minha consciência e carácter: os meus actos, palavras, pensamentos e omissões. Faça ou deixe de fazer, a culpa está sempre em mim, mas não é minha… é herdada dos meus pais. Que posso eu fazer? Infelicidade ter nascido humano… e ter tido um “pai” longínquo (ele sim, responsável) que me passou o ferrete do pecado.

Wednesday, September 03, 2008

Estudo à espera de continuação

O problema do mal - I, aqui in A Ovelha Perdida

BlockquoteMas faz sentido questionar uma tradição teológica cristã tão firmemente estabelecida desde Agostinho? A meu ver não só faz sentido discutir o pressuposto, como entendo que deve mesmo ser discutido, por imperativo teológico, para o aprofundamento da fé, por algumas razões que podemos considerar suficientemente relevantes.
(Continua)